16 julho 2012

Cidades coloniais brasileiras: Paraty.

Paraty, bela cidade colonial,considerada Patrimônio Histórico Nacional, preserva até hoje os seus inúmeros encantos naturais e arquitetônicos. Passear pelo Centro Histórico de Paraty é entrar em outra época, onde o caminhar é vagaroso devido às pedras "pés-de-moleque" de suas ruas. As construções de seus casarões e igrejas traduzem um estilo de época. A proibição do tráfego de automóveis no Centro contribui para esta viagem pelo "Túnel do tempo".
Centro Histórico
O centro histórico possui trinta e um quarteirões (antigamente havia trinta e três quarteirões: ao lado da matriz, onde hoje há um estacionamento, haviam três grandes sobrados formando um quarteirão (no sobrado do meio funcionava desde 1667, a Câmara, Conselho e Cadeia Pública) e, a rua Santa Rita continuava até a rua Domingo Gonçalves Dias, formando mais um quarteirão), quatro praças (Bandeira, Santa Rita, Matriz e Rosário) e uma área de terreno destinada a eventos e estacionamentos. Contando com as ruas que margeiam o centro histórico, existem oito ruas no sentido norte/sul e seis ruas no sentido leste/oeste (sete se considerar a pequena rua do Fogo).
Em frente a cada casa há um passeio de aproximadamente um metro, normalmente formado por grandes pedras retangulares colocadas perpendicularmente às paredes das casas. As ruas possuem uma depressão ao meio fio, de forma a escoar água da chuva e permitir a invasão de marés mais altas, motivo pelo qual as casas foram construídas pelo menos trinta centímetros acima do nível da rua. Permitir a entrada do mar pelas ruas era uma forma natural de manter a cidade limpa.
Existem três tipos de beirais nas casas do centro histórico: a cimalha (beiral coberto com madeira), o cachorro (beiral com caibros a vista) e a beira-seveira (beiral formado por duas ou mais camadas de telhas). 
As janelas de vidro foram introduzidas nas casas a partir do século XIX. Antes disso eram usadas grades de treliças que possuíam boa ventilação além de permitir enxergar a rua sem que os transuentes conseguissem ver dentro das casas. 
O calçamento das ruas de Paraty com pedras irregulares - conhecido como pé-de-moleque - começou a ser feito no século XVIII, graças ao desenvolvimento trazido pelo ciclo do ouro. Entretanto, foi a riqueza gerada pelo ciclo do café que terminou por calçar todas as ruas, por volta da década de 1830. As pedras eram necessárias porque as tropas de mulas, carregadas com ouro ou café, faziam grandes atoleiros nos dias de chuva e nuvens de poeiras nos dias de sol. As caravelas vindas de Portugal traziam em seus porões lastro de pedras para equilibrá-las. Esse lastro era desembarcado em Paraty e no seu lugar ia o ouro ou o café. Muitos afirmam que eram essas pedras portuguesas as utilizadas no calçamento das ruas, apesar de não haver registros históricos nem estudos geológicos que comprove esse hipótese.
Na língua tupi, Paraty significa "peixe de rio" ou "viveiro de peixes" e era o nome que os índios guaianases davam ao local onde se situa a cidade. Os colonizadores mantiveram o antigo nome indígena que, originalmente, era grafado com dois "i": Paratii. No século 18 surge a grafia com "y", mantida até 1943, quando o a letra foi suprimida do alfabeto português. A comunidade paratiense, defendendo suas tradições, insistiu para que Paraty fosse escrito com "y" e até então é assim. 
A cidade foi fundada em 1667 em torno à Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, sua padroeira. Teve grande importância econômica devido aos engenhos de cana-de-açúcar, que chegou a ter mais de 250.
A Vila de Paraty, no auge de seu desenvolvimento, teve intenso movimento cultural e político, recebendo o título de Condado em 1813, e elevada à categoria de cidade em 1844. Deve sua prosperidade ao fato de partir dali, até a abertura do "caminho novo", a via de comunicação que levava às Minas Gerais, pela Serra do Facão. Por outro lado, Paraty era ligada, pela navegação marítima com o Rio de Janeiro.
No século XVIII, destacou-se como importante porto por onde se escoava das Minas Gerais, o ouro e as pedras preciosas que embarcavam para Portugal. Porém, constantes investidas de piratas que se refugiavam em praias como Trindade, fizeram com que a rota do ouro fosse mudada, levando a cidade a um grande isolamento econômico. 
Após a abertura da Estrada Paraty-Cunha, e principalmente, após a construção da Rodovia Rio-Santos na década de '70, Paraty torna-se pólo de turismo nacional e internacional, devido ao seu bom estado de conservação e graças às suas belezas naturais.
Mata Atlântica
A forte presença de altas montanhas ao longo do litoral eleva os índices de precipitação pluviométrica, dando origem a diversos mananciais que descem pelas encostas, sob a forma de rios encachoeirados, em busca do mar. O relevo acidentado e o natural desnível das águas dão origem a várias cachoeiras, cascatas, quedas d’água com formação de escorregas, piscinas e poços naturais.
Em sua área encontram-se o Parque Nacional da Serra da Bocaina, a Área de Proteção Ambiental do Cairuçú, onde está a Vila da Trindade, a Reserva da Joatinga, e ainda, faz limite com o Parque Estadual da Serra do Mar. Ou seja, é Mata Atlântica por todo lado.
Na região de Paraty, existe uma série de ecossistemas associados à Mata Atlântica:
Mangues - com a maré alta, as águas dos rios são represadas alagando as planícies costeiras. Nessas áreas encontram-se os manguezais (rizophora mangle). Apesar de haver pouca diversidade de vegetação, é local de criadouro de aves, peixes, crustáceos e moluscos. Caracterizado pelos arbustos e árvores de raízes suspensas.
Restingas - pedaços planos e baixo de terra que se alongam até o mar. Possui vegetação rasteira.
Ilhas costeiras - a vegetação é igual à do continente. Nas ilhas maiores, costuma existir fontes de água doce.
Campos de altitude - localizados na serra do mar acima de 1400 metros de altura. Devido ao clima mais frios e constantes ventos a vegetação é rala e baixa, com a presença de arbustos.
Pelo porto de Paraty passaram povos de vários territórios, ocorrendo um intenso intercâmbio cultural que deu origem a um rico artesanato local. Essa atividade é passada de geração a geração principalmente entre as mulheres das famílias e é um complemento da atividade básica (pesca e lavoura) do caiçara. O aprendizado das técnicas artesanais se dá informalmente através da observação ou a partir da tentativa de se copiar um modelo.
Patrimônio Histórico e Atrtístico e Monumento Nacional
Foi erigida em Monumento Histórico do Estado do Rio de Janeiro, em 1945, e tombada pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1958. Houve em Paraty, devido ao elevado índice de sua antiga população, um verdadeiro senso de valor plástico nas construções. Na distribuição dos cheios e vazios houve um apuro e uma segurança de julgamentos excepcionais". Apesar das medidas de preservação citadas acima, o acervo histórico-paisagístico do Município se achava ameaçado pelo surto de progresso verificado em anos recentes. A Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, empenhou-se, então, em estabelecer um regime de defesa mais eficiente, através de um plano urbanístico. A aprovação desse plano gerou o Decreto Presidencial n.º 58.077, em 24 de março de 1966, pelo qual todo o território do Município de Paraty passou a ser considerado Monumento Nacional. 
 
A Cidade Turística 
Como nas fases anteriores de "ocupação", no ouro ou no café, um novo ciclo veio dominar e explorar a cidade: o turismo, desta feita potencializado no seu conjunto paisagístico / arquitetônico, nas áreas florestadas, nas 65 ilhas e nas mais de 300 praias da região. Vários eventos culturais têm Paraty como sede.
Alguns Pontos Turísticos
Praia de Paraty-Mirim - Extensão aproximada de 800m e profundidade em torno de 0,7m. Águas mornas, calmas, transparentes e esverdeadas. Areias claras e alguns boulders espalhados na faixa da maré. Situa-se na foz do Rio Paraty-Mirim e junto a Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Praia da Conceição - Com a extensão de 200m, coqueiros e amendoeiras ornamentam o local. Águas transparentes, mornas, de tonalidade verde escuro. Areias claras e finas. Defronte encontra-se a Ilha dos Ratos. Um pouco além, a Ilha dos Meros, onde se praticam mergulhos e pesca com rede.
Praia de Iririguaçu/Iriri - Areias escuras e finas com suave declive. Águas verdes, mornas e apropriadas para a prática de banhos. Na extremidade, onde desemboca o Rio Iririguaçú há uma pequena barra. Pequenas embarcações podem ancorar nesta praia.
Praia Jabaquara - Águas mornas, transparentes com fundo de areia e lama. Areia fina e escura com presença de conchas. Possui área de camping no local.
Praia da Lula - Possui uma faixa de areia pequena, águas mornas, transparentes e de tonalidade verde escuro. Areia escura de grãos médios. Boulders e fragmentos rochosos povoam a faixa de areia.
Prainha - Muito frequentada, e com água pouco profunda de tonalidade azul e transparente, com temperatura morna. Areias claras e finas. Próximo a área arborizada possui dois Campings
Cachoeira de Iririguaçu - Possui dois saltos, com alturas de 4 m e 2 m respectivamente, com águas claras, transparentes e frias. Excelente para banhos, tanto nas piscinas como nas duchas naturais existentes. Próximo e acima da cachoeira existem três grandes piscinas naturais, com profundidade em torno de 2m.
Cachoeira da Pedra Branca - Possui dois saltos de 5 m de altura, com águas transparentes e frias, propícias para banhos. O rio é cercado por vegetação densa de pequeno e médio porte e suas águas deslizam sobre lajes de pedra que formam pequenas piscinas e duchas naturais.
Cachoeira Pedra Lisa/Taquari - Localizada em trecho de rio com corredeiras, não se caracteriza pelas quedas d’água, mas pela formação de várias piscinas, escorregas e duchas naturais. Suas águas límpidas, transparentes e frias são ótimas para banhos. A trilha de acesso até a cachoeira representa, por si, um atrativo à parte.
Cachoeira do Tobogã - A cachoeira é formada por uma imensa pedra, por onde a água desliza, formando um excelente Tobogã, ótimo para se deslizar até uma pequena piscina natural de fundo de areia e pequenas pedras.
Cachoeira da Usina - Local com grande quantidade de pequenas rochas. Além de pequenas quedas d'água, há também uma bela piscina natural, com área aproximada de 80m. Suas águas são transparentes e frias, em tom amarelado, devido às areias escuras do fundo do rio. Excelente local para banhos, pois além da piscina, há escorregas e duchas naturais. Próximo à cachoeira há uma pequena ilha na parte central do leito do rio.
Poço das Lajes - Localizada a 300m próxima ao Poço; das Andorinhas, no local foi construído uma pequena barragem, que formou uma pequena piscina natural, cercada por imensas pedras, seu fundo é de areia. Subindo o rio, pelas pedras, é possível alcançar o Poço das Andorinhas.
Poço das Andorinhas - Caracteriza-se por dois grandes boulders dispostos sobre o leito do rio, com um estreito espaço entre eles, por onde jorram as águas que formam um salto de aproximadamente 3,5 m. Suas águas são claras, transparentes e frias, ótimas para banhos. No local existe um poço grande e fundo, e uma ducha natural. Alguns metros abaixo do poço, encontra-se um escorrega natural, muito procurado pelos visitantes.

Fonte:
Matéria publicada na EmDiv Magazine Kindle Edition - Março 2012
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Fotos: Diário Vip.

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